José Fernando Moraes Chuy já trabalhou com Moraes; associação diz que escolha desprestigia servidores do órgão
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) escolheu o delegado da PF (Polícia Federal) José Fernando Moraes Chuy para assumir o cargo de corregedor-geral da agência. Ele irá substituir a oficial de inteligência Lidiane Souza dos Santos, com mandato até 31 de agosto.
Chuy foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de maio de 2023 a junho deste ano, na gestão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
A função do corregedor-geral é prevenir e investigar irregularidades administrativas na agência, como o “Abin paralela”, iniciada pela atual corregedora. O delegado deverá assumir os próximos passos da apuração.
A escolha se dá no contexto da operação chamada Última Milha, que investiga a existência de uma “estrutura paralela” de inteligência no governo Jair Bolsonaro (PL), sob o comando do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
A avaliação é de que a nova indicação é uma tentativa do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, de apaziguar os ânimos por causa das investigações. Lidiane Santos foi indicada em 2022 para o cargo e poderia ter a posição renovada por mais 2 anos.
Apesar de a troca ainda não estar formalizada, o delegado já tem autorização para deixar a PF e integrar o quadro da Abin.
ASSOCIAÇÃO CRITICA
A Intelis, associação que representa os profissionais de Inteligência de Estado da Abin, emitiu nota em que diz que a indicação de um corregedor-geral “oriundo de fora dos quadros da agência” é “preocupante, injustificada e um desprestígio dos servidores orgânicos”.
A associação afirma estar preocupada com as consequências da indicação, porque a última fase da operação pede o compartilhamento de dados com a corregedoria da Abin.
Segundo a Intelis, é uma “prova inequívoca de que os investigadores reconhecem a total cooperação da unidade com a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União”, declarou. Eis a íntegra da nota (PDF – 161 kB).
JOSÉ FERNANDO MORAES CHUY
O bacharel em direito compõe o quadro de funcionários da PF desde 2006. Foi cedido ao TSE em agosto de 2022, depois que Moraes assumiu a presidência.
Na Corte Eleitoral, Chuy assumiu o comando da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação. Antes, em 2021, o delegado chefiou a Coordenação de Enfrentamento ao Terrorismo da Diretoria de Inteligência Policial, subordinado ao Ministério da Justiça.
Moraes ainda escreveu o prefácio do livro do delegado, intitulado “Operação Hashtag – A 1ª condenação de terroristas islâmicos na América Latina”, publicado em 2018.
Fonte: Poder 360