Entidade de servidores diz que, sem mudanças, a imagem e as capacidades do serviço de inteligência continuarão sendo destruidas
Profissionais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) se manifestaram contra as irregularidades reveladas pela operação da Polícia Federal desta quinta-feira, 11, e defenderam que os responsáveis “paguem por seus desvios”.
Em nota, a Intelis — sindicato que representa a categoria — lamentou a existência de uma “Abin paralela” e a “repetição cíclica” de episódios que sujam a imagem do órgão, e ainda defendeu a necessidade de modernização do aparato.
“Enquanto a sociedade e seus representantes não se debruçarem sobre as necessárias legislações de modernização do órgão, as crises se sucederão e atores externos seguirão destruindo a imagem e as capacidades do imprescindível serviço de Inteligência brasileiro”, diz o comunicado. (Leia a íntegra abaixo)
Operação Última Milha
A Operação Última Milha tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa que realizava o monitoramento ilegal de autoridades públicas e produzia notícias falsas contra adversários de Jair Bolsonaro utilizando sistemas da Abin. Os alvos dessa fase da operação foram, principalmente, influenciadores que trabalhavam para o gabinete do ex-presidente.
As investigações da PF mostram que tanto jornalistas quanto ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e políticos foram monitorados ilegalmente. Além de terem invadido computadores e celulares, os criminosos também foram responsáveis pela criação de perfis falsos e pela divulgação de fake news.
Nota Pública – Operação Última Milha
A quarta fase da Operação Última Milha deflagrada hoje confirma, mais uma vez, o que a Intelis tem repetidamente destacado para a sociedade brasileira: apesar de erroneamente vincularem o nome da ABIN a uma estrutura paralela ao Estado, o que os fatos revelam são pessoas externas às carreiras de Inteligência inseridas no órgão para atuar de forma não republicana.
Lamentamos profundamente a repetição cíclica de episódios que sujam a imagem do fundamental aparato de Inteligência de Estado por agentes externos, que depois saem de seus cargos e deixam os ônus de suas ações para os servidores orgânicos. Esperamos que os responsáveis paguem por seus desvios.
A Abin fará 25 anos em dezembro deste ano e, enquanto a sociedade e seus representantes não se debruçarem sobre as necessárias legislações de modernização do órgão, as crises se sucederão e atores externos seguirão destruindo a imagem e as capacidades do imprescindível serviço de Inteligência republicano do Brasil. Esperamos que não seja desperdiçada mais uma oportunidade para modernização e valorização dos servidores de Inteligência de Estado em prol da nossa Democracia.
Fonte: Veja